Central de Acolhimento
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.atitude transformadora
.assistente social e médico
.migrantes
.moradores
.difícil missão
.culpa/inocência
.propósito pessoal
.decisão pessoal
.projeto
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CENTRAL DE ACOLHIMENTO
Vai primeiro identificar e cadastrar eletrônica e biometricamente cada pessoa que chegar. Depois um psicólogo recebe cada pessoa ou grupo familiar para entender a realidade daquela situação. A partir daí é feito o encaminhamento e prestada toda orientação. Tudo com muita amabilidade. Deve ser também oferecida uma refeição. O atendimento na Central começa a identificar as pessoas que já estão dispostas a mudar. E inicia o preparo para um processo de mudanças.
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A Central de Acolhimento vai ser estruturada inicialmente de uma maneira mais simples.
Mesmo nesta fase inicial, no estágio mais simples, o desejável é que se consiga disponibilizar uma linha de ônibus gratuita, que vai circular nas proximidades do que se chama "malha viária principal" de Campinas. Assim vai ser possível oferecer ao cidadão comum a possibilidade de responder, cordialmente, a quem pedir diretamente algum donativo:
"-Eu já fiz esta doação pra você através da Central de Acolhimento. É só você tomar o ônibus e ir até lá."
Porque será na Central onde será fornecido alimento e o encaminhamento necessário.
O ônibus teria vários pontos pela cidade para receber pessoas carentes, mas apenas um ponto para os passageiros descerem: seria a própria Central de Acolhimento.
A Central de Acolhimento deve ter:
-espaço amplo e coberto para desembarque do ônibus;
-posto de cadastramento e identificação biométrica eletrônica;
-salão de recepção, com bancos ou cadeiras para acomodar as pessoas e servir leite com café ou chocolate, pão e manteiga;
-banheiros individuais com vaso, pia, espelho;
-consultórios de acolhimento (psicólogos);
-pequeno ambulatório médico;
-salas de assistentes sociais;
-refeitório para servir sopa nutritiva ou outro prato;
-sala para exibição de vídeos ou palestras;
-distrito policial com todo atendimento da polícia civil e apoio de efetivo da PM, ou representantes de conselhos tutelares;
-garagem de vans para transporte pela cidade;
(no futuro deve ter espaço para banho, pouso e serviços de corte de cabelo e lavagem de roupas)
Na Central todos os passageiros são primeiramente identificados, através de sistema datiloscópico eletrônico ligado a um grande banco de dados, com programas de biometria. Porque o atendimento que se pretende oferecer e que será descrito a seguir deve acontecer uma única vez para cada pessoa que procurar.
Depois são oferecidos a todos leite com café ou chocolate e pão com manteiga. Haverá também a opção de leite de soja aromatizado para as pessoas que não podem tomar o leite animal.
Lá devem estar de plantão profissionais da área de psicologia, separados em salas, que são os "consultórios de acolhimento" (ou outra denominação mais adequada). Em cada sala, um microcomputador e cadeiras confortáveis para receber a pessoa ou o grupo familiar.
A idéia é propiciar um autêntico acolhimento, demonstrar a máxima atenção possível e oferecer a alternativa de uma firme parceria para quem quer superar dificuldades e conquistar uma nova condição de vida.
O ACOLHIMENTO VISANDO TRANSFORMAÇÃO
Aqui é indispensável uma ressalva:
Nas próximas linhas vão ser descritas as características de um atendimento que pode estar fora de padrões profissionais. Trata-se da visão de um leigo. Se não servirem para serem adotadas, que sirvam pelo menos como referência do que se propõe alcançar. É claro que, a partir da orientação de profissionais que manifestem interesse em participar desta comunidade, vai ser estabelecido um atendimento dentro dos padrões recomendados cientificamente.
A idéia é que seja feita uma triagem neste atendimento. Mas não apenas uma triagem das carências, mas também das potencialidades de cada atendido.
O Psicólogo recebe o cadastro do atendido (ou do grupo familiar) com os dados que foram levantados na identificação datiloscópica eletrônica, incluindo origem/destino.
Com tempo suficiente e muita amabilidade, demonstrando que antes de mais nada está sendo feito um autêntico ACOLHIMENTO, o Psicólogo vai perguntar por que a pessoa está passando por ali, o que ela está precisando. Para onde vai. Se é pedinte regularmente e onde atua. Procura saber o que espera conseguir e como pretende encaminhar sua vida.
Pode ser oportuna alguma discussão sobre as conveniências, para o caso específico de cada grupo, de se morar numa cidade grande como Campinas.
Além dos dados objetivos sobre a pessoa ou família, esta triagem pretende iniciar a identificação dos que já estão receptivos à idéia de mudar de vida.
Mesmo assim, até então, independente do interesse que essas pessoas manifestarem, serão oferecidas a elas orientações e palavras(?) conseqüentes de incentivo. Serão convidadas a assistirem vídeos motivacionais ou orientativos, eventualmente palestras que estejam para acontecer na Central de Acolhimento naquele horário. E ainda será oferecida uma refeição completa.
A partir daí haverá diferenças nos encaminhamentos quando se tratar de pessoas de outras cidades.
ASSISTENTE SOCIAL
O Assistente Social recebe um encaminhamento simplificado do Psicólogo. Independente da resposta obtida da pessoa ou do grupo durante o acolhimento, serão apuradas carências de roupas pessoais e calçados, para doação imediata no caso de haver disponibilidade.
O Assistente Social vai mais a fundo na realidade prática daquela pessoa ou grupo para preparar um cadastro completo. Apura se é migrante, se está em busca de atendimento médico, se procura parentes, se já mora na cidade e em que condições. Quem mais da família está pela cidade ou onde está e como. Se existem idosos, crianças, enfermos ou pessoas com necessidades especiais na família, aguardando em outro lugar. Como estão vivendo estas pessoas e qual a rotina de vida delas. Se recebem benefícios previdenciários, se participam de programas oficiais de complementação de renda, se são atendidas por alguma entidade e o que recebem.
Depois trata o outro lado da questão, informando que aquele atendimento é por uma única vez, lembrando as obrigações legais de pais diante dos filhos (quando for o caso), que a sociedade está sendo orientada a não fazer donativos nas ruas, que aquele atendimento vai ser informado aos órgãos públicos, etc.
Antes de fazer os devidos encaminhamentos, cada atendido deve passar por um médico plantonista.
MÉDICO
O atendimento básico possivelmente incluirá medir pressão e temperatura, avaliar sintomas de doenças em fases epidêmicas e identificar possíveis sinais de violência física, principalmente em mulheres e crianças.
Se o Médico solicitar será feito encaminhamento para atendimento no pronto socorro municipal. E casos de violência familiar serão alvo de orientação por parte do Assistente Social, com eventual encaminhamento para o Delegado de plantão no distrito policial anexo ou representante de conselho tutelar.
PARA QUEM VEM DE OUTRA CIDADE
Pessoas de outras cidades, que vêem em busca de atendimento médico de alta complexidade, podem ser encaminhadas para a Unicamp ou PUCC. Quem procura por parentes ou documentos, algum órgão público, também será orientado e terá o acesso facilitado por vans da própria Central de Acolhimento ou por passes de ônibus. Outros casos serão conduzidos à rodoviária, com passagem de retorno à origem.
Os dados apurados e o encaminhamento do Assistente Social serão descritos em um relatório que será arquivado. Parte do relatório, com as informações básicas, vai ser encaminhada com cópias remetidas como notificação para:
-Prefeitura da cidade de origem;
-SUAS - Serviço Único de Assistência Social;
-Serviço Social do hospital de alta complexidade ou PS, quando for o caso. A prefeitura da cidade de origem também será notificada deste quesito, quando for o caso, para providenciar eventuais retornos ou continuidade do tratamento na cidade, se assim indicado pelo hospital de alta complexidade;
-Serviço de Promoção Social da Prefeitura de Campinas.
Se este serviço não for algo claramente EMERGENCIAL e POR UMA ÚNICA VEZ, ele estará contradizendo todo seu propósito inicial. Ou seja, vai se tornar, ele próprio, o gerador do vício, da dependência de doações. Daí a necessidade de cadastrar claramente os atendidos.
Os casos de insistência podem ser encaminhados para a autoridade policial de plantão.
PARA OS MORADORES DE CAMPINAS
No atendimento do Psicólogo a pessoa ou grupo começa a receber orientação para procurar atendimento psicoterápico, quando for o caso, na rede pública ou dentro dos grupos que se pretende organizar a partir desta proposta. Vale ainda a indicação de alternativas já existentes, como "alcoólicos anônimos", recuperação de drogaditos.
Serão sugeridas também palestras ou encontros que estiverem sendo organizados para o calendário de atividades públicas. Eles devem ser programados para alguns locais da cidade.
Parte da "engenharia comportamental", praticada com sucesso através de palestras motivacionais em empresas, talvez possa ser adaptada para essas pessoas.
Na medida do interesse demonstrado será tentada uma aproximação com os grupos de orientação, com balcões de empregos ou a própria Central de Terceirização, que se pretende organizar no desenvolvimento desta comunidade.
É a semente que se pretende plantar!
De certa forma, toda essa proposta está sendo estruturada para isso. Para plantar essa semente de transformação pessoal e fazer o máximo esforço para que ela germine, se desenvolva, cresça e frutifique.
Porque se a Sociedade não pode sequer garantir direitos básicos ela precisa, no mínimo, garantir uma perspectiva de ascenção social. Essas são as linhas gerais do atendimento.
Será ainda agendada uma visita domiciliar, de outro Assistente Social.
A partir da visita domiciliar já deve ser possível começar a apurar quem está demonstrando interesse em se engajar numa proposta de mudança pessoal. E começa então o apoio sistemático àqueles que estão demonstrando interesse em mudanças pessoais.
MISSÃO IMPOSSÍVEL?
Determinadas pessoas deixam a impressão de ser muito difícil alcançar uma verdadeira mudança pessoal. Como, por exemplo, mudar a rotina de um pedinte.
Mesmo assim não cabe dizer que a mudança é impossível. Mas pode ser adequado considerar que, em vários casos, o esforço necessário para se conseguir alguma mudança vai exigir tempo demais.
Então, basicamente, dois grupos devem ser considerados:
1- O grupo de pessoas ou famílias que vão corresponder aos estímulos, às oportunidades que estarão sendo oferecidas para mudanças pessoais;
2- O grupo de pessoas ou famílias que ainda não vão apresentar as mudanças pessoais desejáveis.
RESPOSTA NECESSÁRIA
Essa divisão orienta uma escolha, baseada na seguinte visão:
- Independente de alguém querer ou não mudar de vida, este alguém pode se unir de alguma forma a outra pessoa, ter filhos, constituir um núcleo familiar. As crianças que surgirem desta união vão precisar de uma formação, de cuidados de saúde. Se os pais não se dispuserem a fazer isso por elas, alguém precisa fazer. Pela lógica e pela lei, este alguém é o Estado, aqui considerado como administração pública, tanto no nível municipal, como estadual ou federal;
- O Estado arrecada através de impostos. Tem a obrigação de amparar cidadãos e cidadãs carentes, de todas as faixas etárias. De certa forma, esta carência pode estar ligada a razões estruturais da Sociedade, de maior responsabilidade ainda do Estado. É também uma forma de evitar que mais pessoas se aproximem da violência pela exclusão marginalizante;
- A Sociedade, que já paga impostos, não tem porque suprir também todas as pessoas que necessitam de apoio. Mas PODE TENTAR, EM OUTRAS FRENTES, criar alternativas de atendimento com propostas novas. Como esta. Portanto, esta comunidade vem no sentido de organizar segmentos da sociedade, de forma a atender PARTE do contingente de pessoas carentes. Nesta proposta é explícita a escolha pela parte de pessoas enquadradas no primeiro grupo considerado acima, ou seja, as pessoas que demonstrarem interesse em se comprometer com mudanças pessoais para alcançarem suas soluções. Sendo assim, quem contribui com as metas desta comunidade, está contribuindo para o desenvolvimento de um projeto de vida para quem quer mudar de vida.
CULPA OU INOCÊNCIA
É muito importante deixar claro que a referência de culpa NÃO está presente na lógica que conduz esta proposta. Ao se identificar grupos de pessoas com comportamentos diferentes, não se pretende absolutamente supor qualquer culpa desta ou daquela pessoa pela condição em que se encontra. Pelo contrário, o que deve ser colocado previamente é que ninguém tem o direito de imputar culpa a quem quer que seja. No entanto, quando se propõe a transparência ativa, é necessário que a pessoa que fizer sua contribuição espontânea a qualquer projeto, saiba exatamente os objetivos desta comunidade e para qual uso a doação vai ser destinada.
É neste sentido que é informada previamente qual parte do contingente de pessoas carentes se pretende atender.
"- NÃO VOU MAIS PEDIR."
A decisão por uma mudança pessoal pode acontecer diante do primeiro estímulo, ou pode demorar algum tempo, ou muito.
Esta comunidade pretende incentivar essas pessoas a chegarem ao momento de decisão. E então prosseguir no trabalho de apoio a esta decisão em cada caso.
Quem não corresponder aos estímulos numa primeira oportunidade, poderá fazê-lo no futuro. A comunidade terá atividades abertas à população, tentando despertar para o momento de decisão.
O momento de decisão será caracterizado pela renúncia definitiva ao ato de pedir. E a aceitação das adaptações decorrentes da nova maneira de viver. Esta decisão não precisa ser cobrada explicitamente, para caracterizar o momento. Porém será observada ao longo da aproximação do carente com esta comunidade.
PARA QUEM DECIDIR MUDAR
A pessoa que decide deixar de pedir assume compromissos e passa a receber uma contrapartida suficiente, um apoio material provisório para sustentar também seus novos propósitos.
Na medida em que corresponde aos compromissos assumidos consigo, logicamente vai alcançando - ou focando melhor - os seus objetivos. À base, também, de todo um apoio emocional, psicológico, que faz parte desta proposta. Vai contar também com o apoio dos Grupos de Orientação, num trabalho onde vai ser possível observar melhor o real interesse pela mudança ou os empecilhos a serem tratados.
O ponto final desta seqüência é sair da condição de carente.
Vale considerar que o trabalho digno e remunerado aparece como elemento importante no contexto do esforço para mudanças que conduzam à autonomia.
Porém, os que, ao longo do tempo, não se mantiverem diante dos próprios compromissos, vão sendo naturalmente desligados do atendimento material. E encaminhados para os serviços assistenciais oficiais.
Uma vez que a Constituição de 1988 deu status de Política de Estado à questão da Assistência Social e que a LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social - Lei nº 8742, de 7 de dezembro de 1993) estabeleceu
parâmetros para o setor, o Governo, nas três esferas administrativas, está obrigado a oferecer proteção e assistência social a todos os cidadãos que necessitem, por meio do SUAS - Sistema Único de Assistência
Social. Porém, o atendimento oficial não exige nada de nenhum dos assistidos. Fica, então, como a alternativa para quem não manifestar interesse em mudar de vida.