Excelência



A IMEDIATA EXCELÊNCIA ANTE A MAIOR ABRANGÊNCIA

- Excelência como Direito e não Privilégio - A aglutinação de esforços que se pretende através desta proposta não se justificaria se fosse para repetir o que tem sido feito até agora. Algo de novo deve acontecer por esta via, além da absoluta transparência na gestão. Não contrário ao que já é feito - absolutamente, não - mas diferente, com certeza. Uma diferença fundamental está na opção imediata pela excelência. Quando for necessário comprometer o padrão para aumentar um pouco mais o atendimento, tornar mais abrangente, a proposta é não aumentar. Primeiro a excelência. A abrangência poderá vir. Vai depender do quanto a Sociedade, através de contribuições, vai se propor a oferecer um atendimento de excelência aos carentes. A proposta é que tudo que for projetado para esta comunidade comece por um padrão de excelência.

JUSTIFICATIVA

O discurso do "urgência" no Brasil é histórico. Nas campanhas políticas, nos programas oficiais, é freqüente ouvir falar na "necessidade premente" de determinadas ações, mesmo que de forma precária. A ordem é "fazer alguma coisa".

Nesta proposta o que se pretende é "fazer a coisa certa"(*). Tendo a motivação pessoal como um de seus princípios básicos, a promoção da auto estima assume uma importância fundamental. E não parece ser possível trabalhar a auto estima de alguém oferecendo "qualquer coisa". Afinal, "eles são brasileiros!!!!" E essa condição precisa assumir um significado diferente. Um valor precisa ser associado e cultivado a partir desta condição. Então a excelência passa a ser um direito.

Entendida como a prevalência da qualidade - e não como sofisticação - a excelência é merecimento de todo cidadão ou cidadã. É o Primeiro Mundo ao alcance de quem acreditar.

Afinal, onde está o Primeiro Mundo? Está na arquitetura futurista, no ranqueamento das empresas, nos números dos PIB, na classificação da Mood's, no poderio militar? Nada disso tem sentido se os cidadãos não se alimentam bem, não moram com dignidade, não têm conforto no dia a dia, não têm chances de ascenção, considerando aí as oportunidades de educação e cultura.

Buscando e mantendo essas condições, o Primeiro Mundo começa a formar fronteiras, ou melhor, a expandir fronteiras ao redor daquele cidadão, daquela comunidade. As outras transformações devem ser decorrência natural desta condição.

Excelência, portanto, não é servir os pratos mais finos nas refeições de uma creche, por exemplo. Mas é ter um padrão definido, dentro das opções do mercado, para os alimentos utilizados (por exemplo, arroz tipo 1, leite tipo B). É ter um cardápio balanceado estabelecido por nutricionista, que siga as orientações do médico que conhece os atendidos. Na cozinha, cozinheiras que fizeram cursos sobre higiene, sobre cuidados para preservação das propriedades dos alimentos.

Um padrão realmente de qualidade representa uma grandeza fundamental na medida de valor que se atribui aos atendidos. E, principalmente, enfatiza a natureza desse valor.

Talvez seja hora de substituir algumas imagens no arquétipo historicamente montado em torno do brasileiro típico. Aquela cena tão presente em audiovisuais sobre o Brasil, onde um cidadão sorridente exibe gengivas quase lisas, rebocando uma carrocinha cheia de recicláveis, tendo em uma das laterais a Bandeira Nacional, já está perdendo a força do que representava. Se alí era explorada a idéia do povo alegre, que enfrenta as dificuldades demonstrando grande capacidade de adaptação, agora é importante evidenciar melhor o que essas qualidades fazem por merecer. É importante mostrar que, em condições mais adequadas, essas qualidades do brasileiro podem render muito mais à toda Sociedade.

Isso faz parte da construção da auto estima necessária a um processo capaz de impulsionar mudanças pessoais.

Portanto, num programa como o Reciclagem Social, onde se pretende reaproximar pessoas de uma atividade de trabalho edificante, não dá pra oferecer uma carrocinha para um trabalhador puxar pelas ruas. Não é desse naipe o esforço que se espera motivar. A proposta implícita numa relação desse nível não favorece a sensação de pertinência a algo grandioso, transformador. Não favorece a formação de vínculos.

Se, na outra ponta, um ou outro trabalhador falhar em seu propósito, aquela relação pode ser desfeita sem prejudicar o todo. Mas, do lado de cá, de quem pretende incentivar e promover a mudança, o paradigma a ser oferecido tem que ser a excelência.

EXCELÊNCIA POUCO APARENTE

Em alguns programas, como o Acampamento Solidário (ou a Cooperativa de Mães), a excelência pode ser menos aparente. Porque o primeiro critério a ser contemplado é a excelência na metodologia de abordagem e condução do programa. E, nesses casos, a metodologia pode estar conceitualmente associada a um ambiente rústico. Os efeitos em médio e longo prazos devem confirmar a efetiva excelência.

(*) "a coisa certa" é um termo um tanto pretencioso. Não pode ser algo que simplesmente saiu da cabeça de alguém muito respeitado, ou de uma voz privilegiada e nem mesmo aquilo que apenas obteve consenso da maioria. Neste caso, tome "a coisa certa" como sendo algo criteriosamente proposto, depois planejado, analisado, discutido, elaborado tecnicamente, implantado, avaliado e então, replanejado, rediscutido, aprimorado, reavaliado, .... A "coisa certa" é uma busca permanente.