Este serviço seria implantado apenas em bairros, onde não existe Zona Azul. Em alguns pontos desses bairros existem padarias, restaurantes e outros pontos de comércio por onde passam vários carros. E é lá onde acabam aparecendo os "flanelinhas", com a tradicional abordagem: "-Posso olhar seu carro?"
A idéia é organizar os "flanelinhas" de determinada região daquele bairro, de alguns pontos de circulação, de forma a propiciar um serviço útil para a comunidade, que acrescente algumas vantagens. Ao mesmo tempo em que se propicia uma oportunidade de trabalho digno para essas pessoas.
O primeiro passo é conversar com os responsáveis pelos respectivos estabelecimentos que vão fazer parte do espaço de trabalho da cooperativa que vai se formar. Cada comerciante vai indicar os "flanelinhas" que estarão atuando em frente ao seu estabelecimento. Eles vão fazer parte de uma cooperativa que reúne alguns pontos de trabalho. Juntos, poderiam organizar revezamento em folgas.
A área de "Zona Azul de Cooperativas" vai ser delimitada, na rua, pela prefeitura, para determinado período. Outros locais vizinhos, que não tenham atividade à noite, podem ceder a área de estacionamento, que eventualmente exista antes da calçada, para ser também utilizada. Como é o caso de algumas lojas que têm maior afastamento da calçada, que permite o estacionamento de carros. O período de cessão, certamente, seria o período em que a loja não estiver funcionando.
Ao chegar o cliente da padaria, por exemplo, ele é abordado pelo "flanelinha" da cooperativa local, com a devida identificação no jaleco.
O cooperado ("ex-flanelinha") terá um amplo guarda chuva, para quando for necessário. Vai oferecer ao cliente o serviço de guarda do carro, que inclui um seguro contra furto ou roubo do veículo enquanto o cliente estiver com o carro por ali.
O cliente que concordar pagará, em sua saída, um valor em torno de R$ 0,50. Este valor deve variar para o caso de restaurantes ou outros estabelecimentos onde o cliente permaneça longos períodos durante a noite.
Ao concordar receberá uma placa de acrílico numerada, identificando o estabelecimento.
Do valor pago, uma parte vai ser destinada para a seguradora que estiver dando cobertura aos veículos ali estacionados. A outra parte vai ser destinada para a cooperativa, para remunerar os cooperados.
A seguradora deverá oferecer os jalecos, os guarda-chuvas, capa de chuva e galocha para os cooperados, chapéu para proteção do sol, cadeira. Tudo com possibilidade de utilização promocional, divulgando a marca da seguradora. Poderá também, eventualmente, distribuir folhetos e outros materiais promocionais através dos cooperados. É desejável que se providencie também protetor solar suficiente para os cooperados aplicarem antes de iniciar o trabalho e durante.
O pagamento poderá ser feito no caixa da padaria, com controle previamente discutido com os cooperados. Entre eles deverá ser estabelecida uma rotina de turnos para não sobrecarregar ninguém e permitir um padrão de trabalho saudável e compensador.
Desta forma, vai se estabelecer um serviço alternativo. Um serviço que acrescenta algo a quem quiser pagar.
Será uma maneira de excluir a situação em que o cliente se sente pressionado a pagar por algo que não acrescenta quase nada para ele. Algo que ele não sabe exatamente quanto custa, nem quanto vale. Um dinheiro que ele não sabe para qual uso será destinado e que circula numa relação que não chega a ser de trabalho mas também nem sempre chega a ser de favor.
O cidadão que encontrar estes espaços pela cidade possivelmente se sentirá mais motivado a pagar pelo serviço. Porque o valor será baixo, o serviço prestado será maior e ainda vai estar consciente de contribuir para um trabalho digno de uma pessoa que não é tão desconhecida, porque foi escolhida pelo dono do estabelecimento comercial em questão.
Este sistema, se adotado, possivelmente vai reduzir o número de "flanelinhas" atuando na cidade. Porém, entre os que se estabelecerem através das cooperativas, vai ser possível gerar uma oportunidade de trabalho digno. Para alguns, o faturamento na cooperativa pode até ser menor do que antes. Mas será um faturamento através de um trabalho que deve atender e agradar a comunidade.
Além disso vai ser possível contribuir com a previdência, contando tempo de serviço para aposentadoria. E será uma referência profissional para que, no futuro, o cooperado possa também disputar outras oportunidades no mercado de trabalho, mesmo em ramos diferentes.
A eventual implantação desse serviço vai depender da aprovação de Lei Municipal.