É fácil observar que a pessoa que chega a uma situação de carência acaba encontrando como maior resposta da Sociedade a doação de alimentos, a doação de roupas, de material escolar, material de construção ou qualquer outro tipo de DOAÇÃO. Porém, tais doações não chegam medidas e encaixadas num processo mais amplo, que deságue num cenário de novas perspectivas. Daí a tendência de limitar o assistido, de condicioná-lo a receber doações. Ele fica, portanto, sem alternativa prática para alcançar suas próprias soluções.
Nem sempre é oferecida a ele a oportunidade de se instrumentalizar para definir seus próprios rumos. E a prática mostra que ninguém está suficientemente habilitado para "resolver problemas dos outros", ou seja, parece que não adianta dar cesta básica cheia de conselhos.
Ao que parece, estas soluções só vão ser alcançadas quando implementadas pelos caminhos e métodos de quem vive os problemas. Há, na verdade, papéis coadjuvantes a serem desempenhados no apoio de iniciativas que, originalmente, tenham sido projetadas e assumidas espontaneamente por quem vive a situação de carência. O caminho proposto é motivar o surgimento dessas iniciativas.
Gerar alternativas para alguém se engajar no trabalho pode ser uma ação complexa. Cursos profissionalizantes são alternativas importantes. Porém, o que se espera é uma ação num nível anterior, uma dinamização no quadro mental das pessoas assistidas. Algo que restituísse - ou evidenciasse - a condição de autor, inerente a cada indivíduo no curso de sua vida. Que situasse no nível da competência e da responsabilidade de cada pessoa, a estimativa confiável de suas capacidades. E a partir desta auto apreciação, surgisse um sentimento de conquista, que pavimentasse firme e visivelmente um caminho - próprio, escolhido - em direção às metas pessoais.
No contexto deste apoio enquadram-se recursos desenvolvidos na "engenharia comportamental", tão eficiente no âmbito das empresas. A adaptação de técnicas motivacionais já aplicadas entre empregados de diversas empresas, talvez possa ser útil para pessoas carentes, no que diz respeito ao auto conhecimento e elaboração de soluções para a vida pessoal.