INCLUÍDO NO PROCESSO,
EXCLUÍDO DO PADRÃO DE CONSUMO

É oportuno citar também os casos de pessoas que alcançaram um nível completo de formação, se colocaram no mercado com sucesso durante algum tempo e depois, mesmo tendo a responsabilidade de chefiar famílias, se isolaram e não mantêm mais atividades regulares de trabalho. Em muitos casos essa situação não envolve nem alcoolismo nem drogadição.

Talvez isso evidencie a falta do que seria um modelo social sustentável. Parece que o "carente" está sendo produzido pelo atual modelo. Como conseqüência de um processo que gera, dentre outros, também este resultado (o carente) na ponta de saída. Nesta visão o termo "excluído" seria até contraditório. Pois o carente é antes uma presença endêmica, que faz parte, está incluída no processo, embora não seja claramente evidenciada entre os resultados. A condição de inclusão ou não no padrão mínimo de consumo é, prioritariamente, função direta da estrutura herdada no contexto familiar.

A chamada exclusão social, portanto, que se configura claramente nas classes sociais mais pobres, parece estar latente, potencialmente presente nas famílias de melhor padrão de consumo.

Um caminho da comprovação ou não desta hipótese pode estar na avaliação de contrates de renda entre gerações próximas de uma mesma família.

Nas experiências que estão por vir pretende-se também buscar o conhecimento prático, a resposta estrutural para atenuar progressivamente este efeito sobre todas as famílias. Um efeito que supera os esforços empreendidos mesmo em lares onde é evidente o empenho pelo equilíbro, pela cultura de valores, pelos laços de afetividade e respeito.

É bem provável que boa parte destas respostas já existam nos círculos de conhecimento. Que venham então as luzes! Para que a universalização do uso dos instrumentos de superação dessas dificuldades aconteça da forma mais ampla possível, talvez até através de novos sistemas de aplicação, mais baratos, em grupos.

As ações aqui propostas, enquanto contribuições, inclusive, para a busca de um modelo social sustentável, que não degenere tão facilmente, partem de um novo paradigma. Porque começam a observar a carência em suas raízes psicológicas, comportamentais e não simplesmente como falta de recursos. Neste sentido, uma das visões apresentadas envolve o conceito do que pode ser denominado por "empregacionalidade".