EMPREGACIONALIDADE
(ou empregatividade, ....)

Um termo muito usado nos dias de hoje é "empregabilidade". De acordo com a literatura rapidamente consultada(*), a palavra deriva do termo, em inglês, employability, e se refere a um conjunto de conhecimentos e habilidades que tornam uma pessoa potenciamente mais interessante para o mercado de trabalho. Portanto, maior "empregabilidade" significa maiores chances de conquistar um emprego. É uma forma de corresponder à visão e aos valores do mercado de trabalho. É como as empresas enxergam você diante da possibilidade de você passar a ser um empregado.

O que se pretende ao propor o conceito de "empregacionalidade" é focar parte da questão do emprego na forma como o trabalhador vê e avalia o mercado de trabalho. E como esta avaliação pessoal reflete na efetiva decisão de se posicionar diante desse mercado.

De certa forma a idéia de empregabilidade, no desdobramento de alguns autores, passa por esta questão. Mas não encontrei nada que fosse a fundo neste lado da situação, que pode ser relevante. Tanto no plano de cada trabalhador como para o mercado de trabalho como um todo.

"Empregacionalidade" se refere à preparação dos ânimos do trabalhador, não apenas do currículo dele.

A "empregacionalidade" vai medir então o grau de resistência tácita que o trabalhador apresenta diante da idéia de ingressar ou reingressar no mercado de trabalho, ou melhor, de se integrar ao contexto que caracteriza este mercado.

Não parece conveniente arriscar qualquer razão para explicar este tipo de comportamento. Se seria baixa auto estima, falta de perfil competitivo, .... Seja o que for está impedindo que muitas pessoas, muitos talentos produzam e se engajem socialmente. Que se desenvolvam e ofereçam mais ainda, que consumam melhor e se integrem ao ciclo econômico.

Pode parecer estranho que a resistência de alguém a um mercado de trabalho tão superativitário em oferta de mão de obra, deva ser tratada como preocupação deste mercado. Mas ao considerar que o atual modelo social pode estar produzindo condições geradoras de carentes (texto anterior), cabe admitir que a Sociedade tem por dever se encarregar dessa questão. Por outro lado, de uma forma mais pragmática, é claro que qualquer força de trabalho que seja recuperada e reintegrada, trará vantagens para o todo, independente de onde ou por onde seja resgatada.

Acerca da questão moral que se coloque, sobre a desejável responsabilidade que cabe a cada pessoa, de se engajar no serviço à Sociedade, é indispensável contrapor que ainda não se revelou um modelo ideal, ou sequer sustentável, de estruturação da Sociedade. Portanto, sinais de rejeição podem ser reações naturais. Que, talvez, possam apontar para as bases de reformas, de correções, no rumo do que se pretende como uma Sociedade melhor.

Este não pode ser mais um ônus jogado no colo do trabalhador, como se coubesse unicamente a ele a solução de uma questão que não pode ser vista apenas do plano pessoal, o mais evidente no caso. Não basta olhar para esses contingentes e apontar culpas. É importante considerar o potencial que eles representam numa Sociedade que investiu e espera a contrapartida de competências. E que está carente delas.

Ao propor a denominação "empregacionalidade", derivada do termo "empregacional" - que pode ser trocada por qualquer outra mais adequada - pretende-se estabelecer uma similaridade com o termo "educacional", que aponta para o setor onde a questão da empregacionalidade deve encontrar as reais soluções. A empregabilidade, ao meu ver, parece mais relacionada com a questão do "ensino", o que pode não ser exatamente a mesma coisa que educação.

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(*) pesquisa google pela palavra "empregabilidade". Textos:-

"Empregabilidade ou loveability, Saúde Profissional ou Afetiva?" L. A. Costacurta Junqueira

(Internativa) "O Mundo do Trabalho e a Empregabilidade" Ângelo Peres

(Universia) "Empregabilidade" Shirley Chuster Werdesheim

(Wikipédia, a enciclopédia livre) "Empregabilidade"